Autora paraibana radicada em Brasília escreve para “quebrar o silêncio (auto)imposto às mulheres”




As Rodas de Leituras Pretas, promovidas na Livraria Largo das Letras, em Santa Tereza, debatem, no dia 16/02, O livro de estreia de Waleska Barbosa, Que o nosso Olhar não se acostume às ausências (independente, 234 páginas). A conversa será mediada por Simone Ricco, mestra em Literaturas e pesquisadora das Literaturas Africanas e Literatura Afro-brasileira.

O livro, já partir do título, é uma proposta para que maiorias ou grupos fora dos padrões normativos, que terminam tomados como minorias, sejam enxergados em seu direito de existir e na sua diversidade. Com o mesmo tema, ela compôs uma música em parceria com o violonista Adriano Rocha, disponível no YouTube.
Para Simone Ricco, será momento de “ouvir esta voz-mulher que integra a cena literária de Brasília e conversar sobre a produção de escritas pretas em espaço digital”. Ela chama a atenção para a produção literária de mulheres pretas em Brasília, com nomes de destaque como os de Cristiane Sobral, com poesias, contos e teatro e, Meimei Bastos, na poesia falada dos slams. Já Waleska tira seus escritos do espaço virtual, trazendo-os para um livro”, enumera.

Crônicas e prosas poéticas foram selecionadas do acervo do blog  www.umpordiaw.com.br, Waleska (se) expõe sobre questões como violência, amor, desamor, maternidade solo, genocídio do povo negro, racismo, feminicídio e têm como ponto em comum aspectos que permeiam a vida da própria autora como uma mulher, preta, da segunda idade, como se define. Questiona, ainda, padrões e jugos, comuns a todas.

A obra teve pré-lançamento no início de outubro, em Brasília, pouco antes da sua participação na Feira de Livro de Frankfurt, onde fez parte da programação da Câmara Brasileira do Livro no International Stage. Em novembro, lançou a publicação na Feira Literária de Campina Grande, sua cidade natal e em dezembro foi convidada pela Bancada da Consciência Negra da Câmara dos Deputados para compor a programação do 20 de novembro, também com um evento de lançamento.

VEIA DE CRONISTA

Como cronista nata, Waleska também capta momentos pueris, do dia a dia, com uma forma poética e muito peculiar de se colocar diante dos fatos, expressa pelo ritmo de sua escrita e pela maneira de pontuar as frases. Também consegue ser dura e contundente ao apontar problemas sociais estruturantes como o racismo e a violência de gênero.

Falando por si ou (re)contando histórias, ela descobriu que escrever era um caminho para o fim do silenciamento e da (auto)censura impostos a ela e, historicamente às mulheres, entre elas, às mulheres negras. A prática da escrita fez com que percebesse que sua forma de interagir com o mundo estava mudando e que conseguia, finalmente, falar com a boca.

O fio condutor é a identidade da autora como mulher negra, entendida e/ou reforçada, em função da escrita diária no blog. “O livro tem gênero. É feminino. É feminista. É mulher”, diz a orelha.
‘Que o nosso olhar’ tem apresentação da escritora Leila de Souza Teixeira, a quem Waleska conheceu em São Paulo, em cursos de literatura promovidos pelo Sesc, e prefácio de Laura Castro, escritora baiana, editora de livros artesanais e professora universitária.

INDEPENDENTE

O livro foi viabilizado por uma campanha de pré-venda conduzida pela autora, que bancou a tiragem de 200 exemplares, esgotados em pouco tempo. Outros cem livros já foram impressos. As demais etapas foram presentes de amigos: o projeto gráfico é do Coletivo 105 e a ilustração da capa, do artista plástico Sérgio Abajur, paraibano que há onze anos mora na Alemanha, realizando trabalhos para o teatro. 

Serviço:

Que o nosso olhar não se acostume às ausências é vendido na livraria Largo das Letras e com a autora (R$39)

Roda de Leituras Pretas

16/02

15h

Largo das Letras (Largo dos Guimarães, Santa Teresa)

Contatos com a autora:

(61) 9-9948.1398
@carnawaleska

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