Livro ‘Que o nosso olhar não se
acostume às ausências’, da paraibana Waleska Barbosa, chega ao mercado
editorial brasileiro, em 2021, pela Arolê Cultural
Um
novo espaço para as vozes literárias de mulheres negras se abre no mercado
editorial brasileiro. O livro ‘Que o nosso olhar não se acostume às ausências’,
da escritora paraibana radicada em Brasília, Waleska Barbosa, agora está no prelo da Arolê
Cultural. O lançamento da nova edição, revista e ampliada, está previsto para o
primeiro trimestre de 2021.
A
autora é a mais nova contratada da editora paulistana, fundada há três anos
pelo Babalorixá Diego de Óxossi. Com a aquisição, a Arolê, especializada em temas
afro-religiosos, passa a ocupar um novo lugar no mercado, a partir da
publicação de literatura de autoria de mulheres negras.
“É
um presente para nós, para mim, para a Arolê. Muitas mulheres têm sua voz
amplificada e expandida na voz de Waleska. O livro abre com chave de ouro o
nosso ano de 2021, com a autora sendo a pioneira e mostrando um novo horizonte
para que outras vozes negras sejam ouvidas”, afirma Diego.
O
anúncio foi feito na Live ‘O Valor da Presença”, realizada no domingo, (11/10),
no YouTube, em comemoração ao primeiro ano da obra. O evento teve como
convidados, a prefaciadora do livro, Laura Castro, a apresentadora, Leila de
Souza Teixeira e o ilustrador da capa, Sérgio Abajur.
Para
debater o livro e ler alguns dos seus textos, estavam presentes as criadoras do
Coletivo Escrevivências, Hellen Rodrigues e Zane do Nascimento, a mestre em
literatura Simone Ricco, a socióloga Betânia Ramos Schröder e o próprio Diego,
sob mediação da doutora em literatura pela Universidade de Brasília e apresentadora
do programa Tirando de Letra, da UnB TV, Julliany Mucury.
OBRA SURPREENDE O PÚBLICO
Lançado
em 2019, de forma independente, com tiragem (já esgotada) de 300 exemplares, o
livro tem 234 páginas e 72 textos, entre crônicas e prosas poéticas, selecionados
do acervo do blog www.umpordiawb.com.br, lançado em 2017.
Cronista
nata, Waleska aborda temas como racismo, feminicídio, maternidade, feminismo,
feminismo negro, amor, desamor. E também capta momentos pueris, do dia a dia,
com uma forma poética e muito peculiar de se colocar diante dos fatos, expressa
pelo ritmo de sua escrita e pela maneira de pontuar as frases.
A
obra surpreendeu o público, notadamente o feminino, por abordar temas caros às
mulheres e, muitas vezes, silenciados. Em texto divulgado nas Redes Sociais, o
cantor (e irmão da autora) Renan Barbosa afirma que o efeito do livro sobre os leitores talvez seja sua maior surpresa.
“Relatos
emocionados, lágrimas, homenagens, declarações de amor e de gratidão brotam, a
cada dia, dos que foram tocados pelo livro. Mulheres, homens, intelectuais,
escritores, pessoas das mais variadas cores e jeitos têm expressado sua
felicidade e sua emoção por terem sido arrebatados por aquelas crônicas”,
enumera.
Outra
entusiasta do resultado alcançado pela compilação, é Julliany Mucury. Ela
acredita que Waleska é responsável por uma obra grandiosa e se configura como
uma promessa da literatura contemporânea brasileira desde a sua estreia. “A
autora traz tanto consigo, uma polifonia inédita até aqui, expressa com muita
intensidade”.
Para
Simone Ricco, Waleska Barbosa apresenta uma escrita que traz muito fortemente a
questão da importância da palavra. “Um valor que a gente reverencia quando
trabalha com a cultura de matriz africana”, diz.
NOVOS RUMOS
De
acordo com Waleska, o convite da Arolê chega quando o livro completa seu primeiro
ano de uma trajetória marcada por eventos significativos para a literatura
feita por mulheres negras.
A
publicação esteve na Feira de Livros de Frankfurt, na Alemanha, fez parte da
programação do Novembro Negro da Câmara dos Deputados, em Brasília. Foi lançada
na Feira Literária de Campina Grande, inaugurou a Estante Preta da Banca da
Conceição, e esteve na Feira Agroecológica da Ponta Norte, ambas em Brasília.
Foi debatido, ainda, em roda de leitura no Rio de Janeiro. No período, ela
conduziu também oficinas de escrita e
debates.
“Sinto-me
completando uma jornada. Por ser uma autopublicação, exigiu muito de mim, no que
chamo de trabalho de formiguinha. O livro foi chegando em muitos lugares e,
principalmente, no coração de leitoras e leitores”.
O
convite, conta, a deixou feliz e ao mesmo tempo assustada diante dos novos
rumos. “Entendi que era o momento de colocar a filha-livro em outro colo para
poder me concentrar em novas frentes. A minha expectativa é de que este olhar possa
chegar a mais leitores e leitoras, com um fôlego que eu não teria com a venda
mão a mão”.
Diego
de Oxóssi, da Arolê, conta que conheceu Waleska na Feira de Frankfurt e desde
então ficou de olho em seu trabalho, acompanhado pelas Redes Sociais e em conversas
com a escritora ao longo do ano. “Ainda na Alemanha vi que Waleska era uma
escritora. Estava pronta. E o título do livro trouxe uma sensação mágica. Ele é
forte, potente, poderoso”, conclui.
Os
textos do livro, sintetizados na crônica homônima, são um chamado para que
maiorias ou grupos fora dos padrões normativos, que terminam tomados como
minorias, sejam enxergados em seu direito de existir e na sua diversidade.
O
fio condutor parte da identidade da autora como mulher negra, entendida e/ou
reforçada, em função da escrita diária no blog. “O livro tem gênero. É
feminino. É feminista. É mulher”, diz a orelha.
Contatos:
Waleska Barbosa - (61) 9-9948.1398 www.umpordiawb.com.br barbosawal@gmail.com @carnawaleska
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