Dia de finados


Por Ronaldo Cunha Lima Filho


Ninguém quer morrer, apesar de muitos acreditarem na existência de um paraíso celestial.

Praticamente todas as religiões asseguram que depois da vida terrena o de cujos irá se esbaldar nos prazeres do além.  

O apogeu, pregam os muçulmanos: no pós morte,( se você tiver feito por merecer), lhes serão dadas dezenas de virgens, 72, salvo engano. Onde danado eles arrumam tantas viagens? 

Veja que só os homens podem receber este atípico presente.  

Quem sabe daqui uns séculos as mulheres sejam agraciadas também. 

Há ainda as religiões que professam ( além do éden)  a vida eterna, como o cristianismo. Nesse contexto seria bom demais morrer. Mas o fato é que com todas essas promessas, ninguém quer subir aos céus. Ninguém! Eu não quero! 

Não duvido de nada, mas prefiro acreditar que a vida eterna se conquista aqui na terra. Essa conquista se dá através da memória dos que ficam.  O finado tem que deixar na terra uma marca indelével, na cultura, nas artes, nas ciências, no direito, na medicina, na política, etc. 

Ironicamente o autor de um crime atroz também  poderá ter seu nome perpetuado na história .  

Não há justiça nessa premiação. Jack o estripador  é mais famoso  e conhecido que Heitor Villa Lobos, um dos nossos gênios da música. 

A vida não é exatamente justa, é dura. É a incessante luta do bem contra o mal, dos mais fortes contra os mais fracos.  

Não é minimamente aceitável, por exemplo, que ao tempo em que desbravamos o cosmos, milhões e milhões de pessoas passem fome, principalmente crianças.  

Há guerras, há catástrofes naturais. 

Em 2004 um tsunami na Indonésia, ceifou  mais de 200 mil vidas. Onde tá a justiça nessa tragédia? 

Não é fácil compreender os mistérios da vida e os desígnios de Deus. 

O que sei é que a despeito de tudo o que dá prazer e alegria é seguir o caminho do bem, da compaixão e da ética. O amor deve ser live, como livre deve ser a escolha da religião. Ter uma família e amigos de fé pra cultivar é o caminho mais fácil de encontrar  a felicidade. 

O amor cura tudo, mas pra isso a gente tem que tá vivo. Sei lá como vai ser depois.

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