Santa Cecília, cidade do interior da Paraíba, tornou-se o centro de um suposto escândalo político que envolve fraude eleitoral em larga escala. O prefeito José Marcílio e o vice-prefeito Assis Gomes estão sendo investigados pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) por utilizarem a máquina pública para emitir declarações falsas de residência, facilitando transferências ilegais de eleitores e comprometendo a lisura das eleições municipais.
Segundo investigações conduzidas pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), em apenas cinco meses, 273 eleitores foram transferidos de municípios dos estados de Pernambuco e Ceará para Santa Cecília. Este volume representou um aumento significativo no eleitorado local, que já contava com mais de 90% da população registrada como votante, um índice anormal para a região. O esquema teria sido viabilizado pela emissão de declarações fraudulentas pela Secretaria Municipal de Saúde, chefiada por Ana Cristina Farias Silva, irmã do prefeito, e Felipe Vinício Lima da Silva, sobrinho do vice-prefeito.
Os dados revelam que, no mês de maio de 2024, às vésperas do prazo final para transferências eleitorais, 121 eleitores foram adicionados à base do município. Em comparação, cidades vizinhas com menor volume de transferências enfrentaram cassações de mandatos.
Além disso, surgiram denúncias de outras práticas ilícitas, como a entrega de motocicletas para influenciar eleitores, conforme vídeos circulados nas redes sociais, e a contratação massiva de servidores temporários sem critério. O Tribunal de Contas da Paraíba apontou um aumento de 79% no número de contratações temporárias em ano eleitoral, indo contra normas do STF e recomendações ministeriais.
Com uma diferença de apenas 31 votos entre o atual prefeito e seu principal opositor, as ações investigativas têm potencial para reverter o resultado do pleito. O advogado José Mariz, que lidera as ações contra o prefeito, destacou o desrespeito às regras eleitorais, afirmando que "o prefeito implora para ser cassado".
Nas ruas, o clima é de revolta, e nos bastidores políticos, rumores indicam que este pode ser apenas o início de um processo mais amplo de revelações.
As investigações continuam, e o caso já está sob análise da Justiça Eleitoral.
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