Real segue entre piores moedas após BC vender quase US$ 20 bi


(Bloomberg) -- O Banco Central vendeu US$ 19,8 bilhões desde que iniciou as intervenções no mercado de câmbio à vista, no dia 13 de dezembro. Ainda assim, o efeito dos leilões está sendo limitado por incertezas fiscais e políticas que persistem depois que o pacote de redução de gastos do governo foi aprovado no Congresso, mas com medidas diluídas.

Mesmo com as vendas pesadas de dólar pelo BC nas duas últimas semanas, o real acumula no período uma perda de 2,5%, o terceiro pior desempenho entre 23 principais moedas emergentes compilada pela Bloomberg. Fatores externos como a expectativas de aumentos de tarifas pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, têm pressionado os ativos emergentes.

O mercado continua liquidando posições em ativos brasileiros e os investidores locais estão assumindo posições vendidas, diz Brad Bechtel, estrategista de câmbio do Jefferies. “Ninguém está confiando que o governo fará a coisa certa no lado fiscal”, afirma. 

A pressão sobre os ativos domésticos teve algum alívio no dia 20 quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva postou vídeo no X ao lado do futuro novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Lula reforçou a confiança em Galípolo e disse que o governo estará atento “à necessidade de novas medidas”. O mercado voltou a sofrer pressão nas últimas pressões, contudo, diante do receio de que as medidas fiscais já adotadas sejam insuficientes e sobre possíveis tensões políticas entre os poderes. 

“As atuações devem estar sendo eficazes no que elas se propõem: melhorar a liquidez do mercado, ao oferecer janelas de operações para saídas de fluxo”, afirma Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez. “Neste sentido, em pouco ou nada vão alterar o nível do câmbio, que seguirá piorando enquanto não tivermos uma resposta fiscal à altura que a realidade exige”.

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